Docência emancipatória no processo de ensino-aprendizagem de cálculo diferencial na Universidade Federal de Uberlândia (Brasil) e no Instituto Tecnológico de Costa Rica

Esta tese, realizada no âmbito da Linha de Saberes e Práticas Educativas, teve como objetivo principal analisar as concepções de práticas pedagógicas consideradas emancipatórias no ensino de Cálculo Diferencial e Integral, em contextos específicos (na área das Engenharias da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e no Instituto Tecnológico de Costa Rica (ITCR). Os questionamentos que orientaram a investigação foram: quais as concepções de práticas pedagógicas no ensino de Cálculo Diferencial e Integral nos cursos de Engenharias da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e no Instituto Tecnológico de Costa Rica (ITCR)podem ser consideradas emancipatórias?Quem são os docentes, o que sabem e como organizam as práticas pedagógicas consideradas emancipatórias, nas duas realidades pesquisadas? Quais são as fontes dos saberes desses docentes? Quais são as trajetórias formativas e profissionais desses professores? E, como suas identidades profissionais são construídas? Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, do tipo exploratório. Os dados foram obtidos por meio de questionários respondidos por coordenadores e professores dos cursos de matemática, além de entrevista com os docentes. Por meio da análise de conteúdo das informações obtidas e baseadas no amplo referencial teórico acessado, identificamos mudanças nas práticas pedagógicas dos professores, associadas às formas de planejar as aulas, aos modos de relacionar-se com os estudantes, à importância dada a suas necessidades formativas e à relevância que atribuem às condições concretas em que se desenvolve o processo de ensino-aprendizagem. Também constatamos a importância do estabelecimento de uma rede de interações, na qual se propicie a construção do conhecimento pedagógico compartilhado que permita “nutrir” a prática. Os resultados da pesquisa apontam para a necessária ruptura com a forma conservadora de ensinar e aprender, o que requer a reconfiguração dos saberes que fundamentam a prática docente e o abandono das estratificações dualistas que têm sido propostas para a compreensão dos diversos fenômenos estudados. A docência emancipatória implica realizar processos reflexivos que contribuam para o reconhecimento identitário com a profissão docente, no sentido de se reconhecerem como profissionais que têm compromissos com o desenvolvimento humano de seus estudantes. Por fim, para que as práticas se constituam num sentido transformador, precisam estar orientadas por referenciais teóricos que fundamentem o ensino como um processo de mediação docente, em que o profissional mediante sua experiência, seja de criar condições para que os discentes se apropriem dos conceitos e aprendam a pensar matematicamente. A tese defendida está expressa na seguinte asserção: a docência emancipatória no ensino de cálculo está alicerçada em princípios fundantes da prática pedagógica, quais sejam: a reflexão crítica, diálogo, autonomia docente-discente e no trabalho colaborativo. Reafirmamos a responsabilidade das universidades de elaborar e executar projetos institucionais, apoiados por políticas institucionais que promovam a formação permanente de professores universitários, fortalecendo seus saberes, a identidade profissional docente e o desenvolvimento profissional docente.